12-09-2010 00:00
Hoje seria teu aniversário. Oitenta e qautro (84) anos completarias hoje de vida terrena, se ainda estivesses conosco. Mas eu sei que a terra não é a nossa pátria, porém o céu, porquanto lá trancorre a verdadeira vida.
Em dias como este, em que a saudade nos toma por inteiro, acreditar na Doutrina Espírita parece ser a única saída para aquietar o nosso coração.
"Segundo os fundamentos desta doutrina, diante da falta que os nossos entes queridos que já partiram para a eternidade, são quatro as alternativas que se apresentam ao homem, para o seu futuro além-túmulo:
-
o nada, de acordo com a Doutrina Materialista;
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a absorção no todo universal, de acordo com a Doutrina Panteísta;
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a individualidade, como fixação definitiva da sorte, segundo a Doutrina da Igreja;
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a individualidade, com progressão indefinita, conforme a Doutrina Espírita.
Segundo as duas primeiras, os laços de família se rompem por ocasião da morte e nenhuma esperança resta às almas de se encontrarem futuramente.
Com a terceira, há para elas a possibilidade de se tornarem a ver, desde que sigam para a mesma região, que tanto pode ser o inferno como o paraíso.
Na quarta possibilidade, dada a pluralidade das existências, inseparável da progressão gradativa, há a certeza na continuidade das relações entre os que se amaram, e isso é o que constitui a verdadeira família."
Fonte: Pinçado do Evangelho - Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
Na incerteza para onde poderei ir depois da morte, na certeza de que estás no céu, junto de Deus Pai, pelo menos hoje, no dia em que seria o teu aniversário, como uma criança que precisa de colo, eu preciso acreditar na continuidade das relações que nos uniram e que me fizeram amar-te para todo o sempre.
Mãe querida, como um pássaro que saiu da gaiola e alcançou a sua liberdade, teu espírito largou teu corpo para alcançar a vida eterna. Mas eu não me envergonho de te dizer:
Eu sinto falta da matéria que te envolveu, de tantos beijos que te dei, de tantos abraços que recebi!
Hoje, eu queria que estivesses aqui. Afagaria teus cabelos brancos, sentiria teu cheiro, te amaria mais do que te amei, porque já experimentei como é viver longe de ti.
Beijos, minha mãe, jamais te esquecerei!
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etério, onde subiste,
Memória dessa vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos meus olhos tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio de perder-te;
Rogo a Deus que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo dos meus olhos te levou.
Luis de Camões (ac 1560)
Paulo Patriota disse:
Através destas tuas palavras arquitetadas em acessibilidade, existem um hermetismo profundamente inalcançável da chaga da perda: ao ler tua crônica sobre tua saudosa mãe,absorvi como se fora feita para Dona Socorro,pois sinto nossa nostalgia como unívoca.
A dor da saudade é incurável,já cheguei a essa conclusão,e quanto mais o tempo passa,mais ela se expõe na carne viva da memória. Mas, como diria o poeta Manuel Bandeira: "Só a dor enobrece e é grande e é pura./Aprende a amá-la que amarás um dia./Então ela será tua,/E será, ela só,tua ventura..."
E evoco ainda o vate pernambucano,pois comungo contigo que as almas não morrem: Dona Rita não morreu: ausentou-se. Para outra vida? A vida é uma só. E a dela continua na vida em que viveu. (Quando a Indesejada das gentes chegou, o dia dela já fora bom,e a noite pôde descer,encontrando seu jardim cultivado e a velha casa com cada coisa em seu lugar).
Sempre que leio (ou releio) tuas narrativas,saga do amor filial,me comovo e,a cada dia que passa,tenho piedade de quem não sabe chorar,pois tanto quanto o riso,a lágrima também redime.
O meu boa noite e o meu beijo fraterno.
12/09/10 18:35
Enaide Alves disse:
Saudade : MÃE...
Onde estarás neste presente momento
Do meu sentimento que a ti externo?
Será que estás no esplendor dos raios do Sol?
Na plenitude deste céu azul entre as nuvens
Que embelezam o azul anil do deslumbramento?
No voar dos pássaros cruzando os ares
Numa perfeita sintonia?
Ou no cântico dos anjos entoados com sublime alegria?
Não sei das respostas, mas sei que me olhas
Que me proteges e o meu passo segues
Sinto o teu amor e o teu desvelo
No meu corpo ainda que outrora, está o teu calor
Na afável proteção do útero que me gerou
Mãe quantas luas já se passaram
Nos tristes dias que pararam?
Esta contagem para mim não importa
Porque dentro do meu intimo os sentimentos
De amor, na saudade imensa se eternizaram.
(Lilian)
Lusa, colei este poema aqui porque achei lindo.
"Pensar e sentir é um poder luminoso, uma luz poderosa - cria o homem cósmico"
SENTIR SAUDADE DE TUA MÃE te torna uma mulher cósmica.
É a ligação deste sentimento que se torna permanente em toda dimensão.
13/09/10 17:03
Marcos Dhotta disse:
Ao ver você e Paulo dividindo todas essas lembranças e emoções maternas... Nossa!!! Senti-me tão “piquininim”. Um diminuto perante todo esse amor apalavrado na saudade. Essa troca, ou melhor, essa cumplicidade entre vocês, é comovente. E é difícil não só para mim - mas acredito que para todos àqueles que ainda tem suas mães por perto - dimensionar o quão intenso ainda é, o amor de um filho ou filha, quando a mãe já não se encontra mais por perto. Portanto, é impossível para um leigo entender o que se passa no coração de um filho órfão. É preciso amar, viver e sofrer... Somente assim, há de se compreender a ausência do amor materno. E que ninguém ouse dimensionar a orfandade do amor de ninguém. Beijos para os dois... E parabéns Dona Rita! Muitas, muitas saudades da senhora!
14/09/10 00:56